A Alemanha sempre foi das grandes potências do esporte,
inclusive do futebol. Tricampeã mundial (venceu as Copas de: 54, 74 e 90), tem
historicamente uma das participações mais estáveis entre as seleções. Com
exceção das Copas de 1930 (quando não participou), de 1950 (quando foi banida)
e de 1978 (quando foi eliminada na segunda fase), a seleção alemã tem como piores participações a eliminação nas quartas de final. E nas três últimas
edições ficou por duas vezes em terceiro lugar e foi vice-campeã em 2002.
Além de mostrar que sabe jogar a Copa do Mundo, os alemães
mostraram também que sabem sediar o evento como ninguém. A Copa de 2006 é
considerada a melhor Copa em termos de infraestrutura, transparência nas contas,
e receptividade aos turistas. Das utilizações políticas de eventos esportivos,
a da Alemanha foi a mais inteligente: utilizou a Copa para atrair investimentos
e turistas mostrando ser um país aberto, esse é inclusive um esforço constante
dos alemães, que ainda se preocupam em desvincular a imagem do país do Nazismo.
Torcida do Borussia Dortmund dando espetáculo à parte |
E não é só a inteligência e “o jeito” para administrar a
terceira maior economia do mundo que chama a atenção. Os alemães vêm mostrando
uma sensibilidade para administrar o futebol que falta a todo resto,
especialmente aos tradicionais “países do futebol”, Inglaterra, Brasil e
Argentina. O campeonato alemão, chamado de Bundesliga, é o que possui a maior
média de público entre os grandes campeonatos europeus, com ingressos mais
baratos que os demais campeonatos, com estádios excelentes, segurança
e conforto para os torcedores. E tudo isso permitindo a entrada de bebidas
alcoólicas, de bandeiras, e não obrigando os torcedores a ficarem sentados como
robôs durante as partidas.
A Bundesliga é também o campeonato mais equilibrado,
considerando os cinco principais campeonatos europeus (Francês, Italiano,
Espanhol, Inglês e Alemão). Em uma comparação com a Premier League notamos que nas
últimas cinco temporadas, a Bundesliga teve quatro campões diferentes, enquanto
que a Premier League tem desde a temporada 2003/2004 (quando o campeão foi o
Arsenal) uma alternância de títulos entre Manchester United e Chelsea. O Chelsea
que enfrentará o único time alemão que não permite um equilíbrio ainda maior
por lá, o vencedor de 22 títulos alemães, Bayern de Munique.
Bávaros comemoram classificação para final da Champions |
O Bayern é inclusive um dos responsáveis pela renovação do
futebol alemão, que além de tradição, organização e sensibilidade, vem sendo
considerado um dos melhores de se ver jogar. Isso na seleção nacional,
formada em sua maioria por jogadores jovens e talentosos vindos das bases dos
próprios times alemães, sendo os principais do Bayern de Munique. A seleção
comandada desde agosto de 2006 por Joachim Low tem a maior parte de seus
jogadores nascidos entre 1988 e 1992. E podemos destacar aí três grandes
revelações alemãs, Mario Gotze de 19 anos que joga no Borussia Dortmund, Toni
Kross e Thomas Müller, ambos com 22 anos e ambos do Bayern de Munique. Os
bávaros ainda contam com o grande goleiro, e um dos heróis da classificação
para final da UCL, Manuel Neuer, de 26 anos, que é também o titular da seleção
nacional.
A "seleção-revelação" da Alemanha |
Sabem o porquê de revelar tantos jogadores? Na Alemanha há uma
política séria, e que é cumprida, de controle de gastos dos clubes de futebol.
Aquele que não respeitar os limites de gastos, e se tornar inadimplente corre o
risco de cair de divisão. Isso obriga os clubes a investir na formação de
jovens jogadores, já que sai mais barato do que comprar grandes jogadores com
nomes consagrados. E está funcionando, além de garantir um equilíbrio
saudável na Bundesliga, essa política está contribuindo para a formação de uma
seleção alemã jovem, extremamente talentosa, e daquelas que dá gosto de ver
jogar.
No dia 19 de maio, na final do maior interclubes do mundo, Chelsea
e Bayern se enfrentarão... Coração e vontade os dois mostraram que têm ao
deixarem em casa os dois melhores times da Europa. Bons jogadores? Os dois
têm também, de um lado Didier Drogba comanda os azuis com sua raça e habilidade, de outro Robben, Ribery e Super Mario Gomez dividem gols e holofotes.
Pra quem eu vou torcer? Ah, eu vou torcer pelo futebol da
organização, da simplicidade, da sensibilidade, para o futebol bem jogado, para
a revelação de bons jogadores, pelo entendimento de que o futebol não precisa
ser somente um negócio, eu vou torcer pela “bola da vez”, vou torcer pelo
Bayern de Munique, que estará representando essa Alemanha que hoje eu chamo de
o verdadeiro país do futebol.