Muitos esportes transcenderam o status de “esporte” para alcançarem o status de negócio, em especial na Europa e nos Estados Unidos. Europeus e estadunidenses são responsáveis por vários dos maiores e mais espetaculares campeonatos esportivos do mundo, e não poderia ser diferente, já que são os maiores detentores do dinheiro necessário para isso. No entanto, com a crise econômica assombrando esses países, e o resto do mundo, os “esportes-negócio” também foram afetados.
Diversas alternativas estão sendo pensadas para controlar os gastos dentro do âmbito esportivo, para evitar o aprofundamento de dívidas já existentes. Mas para isso, é necessário mexer também na conta dos jogadores, que não andam nada satisfeitos com a situação. Lá, ao contrário daqui, existem sindicatos fortes e atuantes nos esportes, que lutam por melhores condições de trabalho, de contrato, de salário, entre diversas outras coisas.
Nos Estados Unidos vimos ocorrer o Lockout na NFL (National Football League), que foi solucionado sem comprometer a temporada 2011/2012. Já na NBA (National Bascketaball League) a situação parece mais séria, e há risco da temporada 2011/2012 não ocorrer. O Lockout consiste no impedimento, por parte dos empregadores, de que os empregados trabalhem. A Liga da NBA tomou a decisão de iniciar o lockout com o vencimento do CBA (Collective Bargaining Agreement), que é o contrato estabelecido entre a Liga, os times e os jogadores.
Com a não renovação do contrato, não há possibilidade para os times fazerem absolutamente nada, e assim não há campeonato. O maior impasse para um novo acordo é a tentativa dos times em diminuir 30% da base salarial dos atletas, já que para eles os maiores responsáveis pelas dívidas dos times são os altos salários pagos. A NBPA (National Basketball Players Association), presidida pelo armador do LA Lakers, Derek Fisher, discorda dessa posição, argumentando que houve compra de franquias em valores recordes no último ano, e que tanto a audiência do campeonato, quando a venda de ingressos aumentaram nas últimas temporadas.
Já na Espanha foi anunciada hoje greve na primeira e na segunda divisão, durante as primeiras duas rodadas do Campeonato Espanhol (La Liga). A AFE (Associação de Futebolístas Espanhóis) tomou essa medida para que seja feito um novo acordo entre a organização do campeonato e os jogadores. A principal exigência é que o fundo de emergência para os jogadores com salários atrasados, especialmente em clubes que estão em crise financeira, seja maior.
A situação se estende desde o ano passado, com salários atrasados e clubes cada vez mais imergidos em dívidas. Temendo uma crise ainda maior no futebol espanhol, Luís Rubiales (presidente da AFE) apoiado por mais de uma centena de jogadores, incluindo as estrelas Iker Casillas, Xabi Alonso e Carles Puyol, anunciou que La Liga só terá início quando as exigências forem cumpridas.
Não ter La Liga e NBA é algo que os fãs e torcedores definitivamente não querem, mas é o momento de entender que essas situações representam um espaço para melhorar campeonatos, esportes, e condições de trabalho para os jogadores. O crescimento apenas financeiro do esporte só é interessante para os investidores que surgem com suas fortunas recheadas de problemas judiciais. E são esses mesmos investidores que contribuem para essa situação, ao passo que aumentaram consideravelmente o “preço” e os salários dos atletas, sem considerar que nem todos os clubes podem acompanhar essas mudanças.
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