quarta-feira, 2 de maio de 2012

Alemanha é a Bola da Vez


A Alemanha sempre foi das grandes potências do esporte, inclusive do futebol. Tricampeã mundial (venceu as Copas de: 54, 74 e 90), tem historicamente uma das participações mais estáveis entre as seleções. Com exceção das Copas de 1930 (quando não participou), de 1950 (quando foi banida) e de 1978 (quando foi eliminada na segunda fase), a seleção alemã tem como piores participações a eliminação nas quartas de final. E nas três últimas edições ficou por duas vezes em terceiro lugar e foi vice-campeã em 2002.

Além de mostrar que sabe jogar a Copa do Mundo, os alemães mostraram também que sabem sediar o evento como ninguém. A Copa de 2006 é considerada a melhor Copa em termos de infraestrutura, transparência nas contas, e receptividade aos turistas. Das utilizações políticas de eventos esportivos, a da Alemanha foi a mais inteligente: utilizou a Copa para atrair investimentos e turistas mostrando ser um país aberto, esse é inclusive um esforço constante dos alemães, que ainda se preocupam em desvincular a imagem do país do Nazismo.

Torcida do Borussia Dortmund dando espetáculo à parte
E não é só a inteligência e “o jeito” para administrar a terceira maior economia do mundo que chama a atenção. Os alemães vêm mostrando uma sensibilidade para administrar o futebol que falta a todo resto, especialmente aos tradicionais “países do futebol”, Inglaterra, Brasil e Argentina. O campeonato alemão, chamado de Bundesliga, é o que possui a maior média de público entre os grandes campeonatos europeus, com ingressos mais baratos que os demais campeonatos, com estádios excelentes, segurança e conforto para os torcedores. E tudo isso permitindo a entrada de bebidas alcoólicas, de bandeiras, e não obrigando os torcedores a ficarem sentados como robôs durante as partidas.

A Bundesliga é também o campeonato mais equilibrado, considerando os cinco principais campeonatos europeus (Francês, Italiano, Espanhol, Inglês e Alemão). Em uma comparação com a Premier League notamos que nas últimas cinco temporadas, a Bundesliga teve quatro campões diferentes, enquanto que a Premier League tem desde a temporada 2003/2004 (quando o campeão foi o Arsenal) uma alternância de títulos entre Manchester United e Chelsea. O Chelsea que enfrentará o único time alemão que não permite um equilíbrio ainda maior por lá, o vencedor de 22 títulos alemães, Bayern de Munique.

Bávaros comemoram classificação para final da Champions
O Bayern é inclusive um dos responsáveis pela renovação do futebol alemão, que além de tradição, organização e sensibilidade, vem sendo considerado um dos melhores de se ver jogar. Isso na seleção nacional, formada em sua maioria por jogadores jovens e talentosos vindos das bases dos próprios times alemães, sendo os principais do Bayern de Munique. A seleção comandada desde agosto de 2006 por Joachim Low tem a maior parte de seus jogadores nascidos entre 1988 e 1992. E podemos destacar aí três grandes revelações alemãs, Mario Gotze de 19 anos que joga no Borussia Dortmund, Toni Kross e Thomas Müller, ambos com 22 anos e ambos do Bayern de Munique. Os bávaros ainda contam com o grande goleiro, e um dos heróis da classificação para final da UCL, Manuel Neuer, de 26 anos, que é também o titular da seleção nacional.

A "seleção-revelação" da Alemanha
Sabem o porquê de revelar tantos jogadores? Na Alemanha há uma política séria, e que é cumprida, de controle de gastos dos clubes de futebol. Aquele que não respeitar os limites de gastos, e se tornar inadimplente corre o risco de cair de divisão. Isso obriga os clubes a investir na formação de jovens jogadores, já que sai mais barato do que comprar grandes jogadores com nomes consagrados. E está funcionando, além de garantir um equilíbrio saudável na Bundesliga, essa política está contribuindo para a formação de uma seleção alemã jovem, extremamente talentosa, e daquelas que dá gosto de ver jogar.

No dia 19 de maio, na final do maior interclubes do mundo, Chelsea e Bayern se enfrentarão... Coração e vontade os dois mostraram que têm ao deixarem em casa os dois melhores times da Europa. Bons jogadores? Os dois têm também, de um lado Didier Drogba comanda os azuis com sua raça e habilidade, de outro Robben, Ribery e Super Mario Gomez dividem gols e holofotes.

Pra quem eu vou torcer? Ah, eu vou torcer pelo futebol da organização, da simplicidade, da sensibilidade, para o futebol bem jogado, para a revelação de bons jogadores, pelo entendimento de que o futebol não precisa ser somente um negócio, eu vou torcer pela “bola da vez”, vou torcer pelo Bayern de Munique, que estará representando essa Alemanha que hoje eu chamo de o verdadeiro país do futebol.


quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Discordo, Lugano!

Evra comemora a vitória do United sobre o Liverpool

Como era de se esperar a disputa, que já está virando até clássico, entre Patrice Evra e Luis Suarez continua repercutindo. Tudo porque no último confronto entre o United, de Evra, e o Liverpool, de Suarez, os dois não deram o tradicional aperto de mão antes da partida. Evra chegou a estender a mão para Suarez, que passou direto, provocando a ira do jogador francês, que ao final do jogo, após a vitória de sua equipe, fez questão de comemorar, e muito, na frente do uruguaio.

Veja o momento do não aperto de mão no vídeo abaixo!

A reação de Suarez, para mim, não se deve a um sentimento racista que ele possa ter, mas sim a ele entender que Evra o fez pagar por algo que na opinião dele, nunca existiu. É assim que pensa também o companheiro de seleção de Luisito, Diego Lugano.  Lugano declarou que Suarez “tem culhões para fazer o que fez”, e que o jogador “apenas seguiu suas convicções”, “Vivemos em democracia, e se não quiser cumprimentar alguém, não cumprimente. Muito menos uma pessoa que o fez passar por momentos tão ruins", completou o zagueiro.

Discordo! De Lugano e de Suarez! Entendo o ponto de vista dos dois, mas entendo também que os jogadores de futebol precisam entender melhor sua posição dentro da sociedade e seu poder de influência, e que por isso, não devem, por qualquer motivo, incitar conflitos, que podem acabar se refletindo nas torcidas. Evra também não gostou do que Suarez lhe fez, mas passou por cima disso e estendeu sua mão ao companheiro de profissão, mostrando que respeito, educação e perdão devem estar acima do rancor.

Era o que deveria ter feito Suarez, primeiro para comprovar que tudo não passou de um mal entendido, e que ele realmente não julga outro ser humano por sua cor, e depois para dar o exemplo a milhares de torcedores que o estavam assistindo naquele momento, pois ao contrário do que diz o presidente da FIFA, Joseph Blatter, o racismo no futebol existe sim, e em grandes proporções, e precisa ser exterminado.

No entanto, o que Suarez conseguiu foi manchar sua imagem perante os torcedores e desgastar sua relação com o Liverpool, que pretende vender o jogador, por este não zelar pela boa imagem do clube. O Paris Saint-Germain, time atual de Lugano, é o destino mais provável do jogador.